Quarta, 04 de março de 2015, 10h45
ECONOMIA
Brasileiros inadimplentes comprometem mais de sete vezes sua renda mensal com dívidas atrasadas, diz pesquisa
Por conta de juros, valor final da dívida é, em média, 70% maior do que o valor

ASSESSORIA DE IMPRENSA
SPC BRASIL

Em média, o consumidor brasileiro inadimplente está com o nome sujo há aproximadamente dois anos, deve para 3,7 diferentes empresas, adquiriu essas dívidas por meio do cartão de crédito e de lojas e tem um débito total de R$ 21.676,00 junto às empresas credoras - já embutidas as multas e as taxas cobradas pelo atraso. Esse valor corresponde a 768% da renda familiar mensal de um consumidor entrevistado na pesquisa, de R$ 2.822,00. Os dados são de uma pesquisa sobre A Recuperação de Crédito no Brasil, encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo Portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz, realizada nas 27 capitais brasileiras entre os dias 1 e 8 de fevereiro.


A pesquisa também detectou um aumento médio de 70% entre o valor inicial da dívida e o valor final dela - depois de dois anos, após a cobrança de multas e juros pelos credores. Os atuais inadimplentes declaram que, em média, a dívida inicialmente custava R$ 12.776,00 (comprometimento de 453% da renda média de R$ 2.822) e que depois das cobranças monetárias passou a custar R$ 21.676,00 (comprometimento de 768% da renda). "Por isso o consumidor inadimplente deve negociar e pagar o que deve o mais rápido possível para que a dívida não se transforme em uma bola de neve", explica a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti.


Cartões de crédito e de lojas lideram os atrasos


Deixar de pagar a fatura do cartão de crédito é a principal razão apontada por três em cada cinco entrevistados inadimplentes (61%) para ter ficado com o nome sujo, ao lado de atrasos nas parcelas de cartões de loja (51%), no pagamento de empréstimos (31%) e de boletos bancários (37%). Outras razões mencionadas foram os cheques sem fundo (20%), deixar de pagar o cheque especial (18%) e o atraso com parcelas de financiamentos (15%).


A pesquisa indica que a quantidade de parcelas não pagas representam algo entre 53% e 72% do total de parcelas acordadas no momento da compra. No que diz respeito especificamente ao cartão de crédito, os atuais inadimplentes dividiram as compras numa média de 6,1 vezes e deixaram de pagar 3,6 prestações, o que representa um atraso de 59% das parcelas inicialmente acordadas.


Motivo que originou a dívida


Quase a metade dos consumidores entre inadimplentes e ex-inadimplentes (48%) ouvidos na pesquisa afirmam que a falta de planejamento no orçamento pessoal é principal a razão apontada para não pagar as contas. Em seguida, entre as justificativas citadas, vem a perda do emprego (28%), a diminuição da renda (21%), o atraso de salário (17%) e as compras acima do que lhes permitia o orçamento (16%). "A tendência do consumidor, quando decide cortar gastos é diminuir as despesas com vestuário e calçados [39%], lazer [38%], alimentação fora de casa [34%], salão de beleza [21%] e telefonia celular [21%]", enumera Kawauti.


62% estão desconfortáveis com o nome sujo


Seja pelo fato de não poderem consumir mais a prazo ou por conta de razões morais, a maioria dos consumidores inadimplentes afirmaram que pagaram ou pretendem pagar as dívidas (64%) por não se sentirem confortáveis tendo o nome sujo. Há outras razões também citadas pelos entrevistados para quitar ou para a intenção de quitar as dívidas: 14% se incomodam com as cobranças feitas pelos credores, 28% se incomodam pelo fato de não poderem mais fazer compras parceladas e 37% temem que o valor da dívida aumente.


Levando em conta as consequências de não pagar o que deve, a maior parte dos consumidores inadimplentes acredita que a principal consequência é ter de esperar cinco anos para a dívida sair do cadastro de inadimplentes (53%). 44% acreditam que o nome ficará para sempre sujo, porque podem ser cobrados pelo credor na justiça. Há ainda os que argumentam que seus bens podem ser penhorados (37%).


O estudo mostra ainda que as operadoras de cartão de crédito foram as que mais recorreram à prática de entrar na justiça, registrar em cartório, penhorar bens ou protestar a dívida (citados por 35% dos entrevistados inadimplentes). Com igual frequência foram citadas as empresas de financiamento de carros e motos (35%) e os varejistas (33%).


Hora de pagar a dívida


Sete em cada dez entrevistados entre inadimplentes e ex-inadimplentes (71%) disseram que iriam pagar a dívida por acreditarem ser o correto a se fazer e, na hora de pagar, 41% dos entrevistados alegam que a maior dificuldade enfrentada é a proposta fora de suas possibilidades na negociação.  21% dizem que o custo está muito acima de seus ganhos, enquanto 19% reclamam dos prazos de pagamento. Há ainda os que desejam negociar, mas não sabem como (19%) e aqueles que afirmam sentir dificuldade em deixar de comprar as coisas que gostam para quitar o débito (17%).


Operadoras de celular são as que mais procuram para negociar


O estudo do SPC Brasil e do Meu Bolso Feliz indica que 84% dos consumidores inadimplentes (e também ex-inadimplentes) procuraram ou foram procurados pelos credores para um acordo sobre as dívidas em atraso. No geral, 23% dos entrevistados foram procurados pelo credor, sendo que o percentual aumenta para 38% entre os inadimplentes mais jovens.


As empresas de celular são as que mais procuram os devedores para uma possível negociação (46%), seguidas das companhias de outros financiamentos (45%), internet (44%) e de financiamento de carros e motos (43%). Por outro lado, quando a iniciativa parte do consumidor, os resultados indicam que as empresas de TV a cabo estão em primeiro lugar entre as mais procuradas (54%).


O presidente do Serviço de Proteção (SPC Brasil), Roque Pellizaro, explica que o brasileiro inadimplente demora muito (dois anos, em média) para quitar uma dívida. "Negociar a dívida rapidamente é muito mais vantajoso do que deixar os juros rolarem. A taxa média de desconto para negociação é de 22% e chega a 69% para quem propõe o pagamento a vista", explica Pellizzaro.


Fonte: CDL Cuiabá
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