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Sexta, 20 de março de 2015, 20h08
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Intenção de consumo das famílias atinge o menor nível em cinco anos

Uma combinação de fatores desfavoráveis ao consumo, como a deterioração no ambiente político e no mercado de trabalho; a ausência de sinais de melhora na economia; alta do dólar e inflação mais pressionada fez com que o indicador de intenção de consumo do brasileiro registrasse, pela segunda vez consecutiva, o mais baixo nível em cinco anos.

É o que informou a Confederação Nacional de Comércio, Bens e Serviços (CNC) ao anunciar recuo de 6,1% na Intenção de Consumo das Famílias (ICF), para 110,6 pontos em março ante fevereiro, o pior patamar da série do índice, iniciada em janeiro de 2010.

Na comparação com março do ano passado, o ICF caiu 11,9%. A piora na intenção de consumo do brasileiro levou à CNC a revisar para baixo, pela terceira vez consecutiva, a sua projeção de aumento para o volume de vendas do varejo restrito em 2015, de 1,7% para 1%.

"Acho até que essa previsão de alta está muito otimista. Mas por enquanto, vamos manter" disse a economista da CNC, Juliana Serapio, não descartando novas revisões para baixo.

No início de fevereiro, a entidade já tinha reduzido a projeção de 3% para 2,4%. Em 2014, o comércio varejista restrito encerrou com o pior desempenho em dez anos, com aumento de vendas de 2,2% ante 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na prática, os sinais negativos apresentados nas projeções do varejo para este ano são reflexo da fraca demanda interna no começo de 2015.

Em março, os sete tópicos usados para cálculo ICF mostraram queda em todas as comparações, tanto ante o mês anterior; quanto em comparação com igual mês no ano passado. Em relação a fevereiro, a pior queda ocorreu no tópico nível de consumo atual (-10,8%). Já na comparação com março de 2014, a retração mais expressiva foi em perspectiva de consumo (-20,4%).

Juliana chamou atenção para o fato de que, em março, ocorreram três novos fatores negativos ao contexto de consumo do brasileiro. Além dos já explicitados desde o fim do ano passado, como crédito mais caro e elevado patamar de endividamento das famílias, o consumidor teve que lidar a piora do ambiente político, que dificulta mais ainda delinear ações para retomada da atividade econômica. Além disso, o dólar disparou.

Outro aspecto mencionado por ele foi o impacto da gasolina mais cara, que pressionou a inflação, diminuindo o poder aquisitivo do consumidor.

Juliana chamou atenção para os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), que mostram piora no ritmo de abertura de vagas formais no país. Isso é uma grande de influência, visto que o consumidor, quando não se sente seguro de seu emprego, não efetua novas compras, principalmente a prazo.

Para a economista da CNC como não há perspectiva de melhora na intenção de consumo, nos próximos seis meses, o ICF deve testar novos pisos em seus próximos resultados. "Também tivemos novas altas de juros ao consumidor", disse. "Não vejo sinais de reversão. Acho já estamos em um nível bastante baixo e não vejo perspectiva de melhora no curto prazo", afirmou.

Fonte: Valor Econômico 

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