Apesar dos atrativos, Cuiabá ainda não é pólo para turistas em dezembro-janeiro
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas-CDL Cuiabá, Paulo Gasparoto, Cuiabá é uma capital com vocação para a área de serviços, entre os quais o Turismo, tendo em conta ser portal de entrada de regiões do Estado que reúnem três biomas importantes: o Pantanal, Floresta Amazônica e Cerrado, além de contar com a área de transição e única no mundo, Vale do Araguaia.
Gasparoto acredita que essa diversidade natural é um importante atrativo para turistas nacionais e internacionais, desde que haja estímulo para que o setor se desenvolva adequadamente. É que o período de dezembro representa, ainda, uma baixa temporada para o turismo em Mato Grosso e tem sua influência no Comércio.
“Investir em uma rede e em infra-estrutura capaz de permitir o estímulo no turismo local é muito importante, pois poderia trazer um novo dinamismo ao Setor de Comércio, em função do volume de turistas em circulação na capital e se deslocando para outras regiões do Estado”, diz o empresário.
Chuvas, altos custos de produtos e serviços em Mato Grosso (custos intrínsecos em uma viagem para cá), e ainda a grande preferência por praias, são alguns dos motivos pelo qual Cuiabá, e outros municípios do Estado, não costumam atrair muitos turistas em dezembro e janeiro e tem menor volume do que poderia obter, caso investisse mais na Área. A informação é da funcionária da CVC Turismo, Ingrid Almeida, que trabalha há sete anos no ramo, com a parte de turismo interno da agência. Segundo ela, as promoções das companhias aéreas para passagens e pacotes nacionais e internacionais igualmente influenciam essa baixa temporada do turismo local.
No ramo de hotelaria, mais especificamente dentro da cidade, não é diferente. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Hotéis em Mato Grosso-Abih/MT, Luiz Verdun, afirmou que essa época é mesmo parada nos hotéis. “As pessoas preferem vir para a nossa região em julho, por causa do clima. Neste mês de janeiro a lotação dos hotéis está em torno de 30%, 35%, ligada ao Turismo de Negócios. Nós também fazemos eventos até voltar ao movimento normal, que é, geralmente, na primeira quinzena de março”.
O presidente do Fórum dos Empresários do Turismo de Mato Grosso, Oiran Ferreira Gutierrez, acredita que a pouca movimentação do Turismo no Estado é reflexo da infra-estrutura precária e do não investimento em propagandas das belezas naturais e culturais. “A Organização Mundial do Turismo diz que a cidade é boa para o turista, quando é ótima para o munícipe. Considerando isso eu te pergunto: você está satisfeita com a sua cidade?”, colocou Gutierrez, completando que a cidade é, sim, atrativa, mas que acumula, entre os problemas, points turísticos mal cuidados (museus e igrejas, etc.) e que, segundo ele, ficam muito tempo fechados ou sem horário certo de funcionamento, o que atrapalha a organização da agenda por parte dos visitantes.
Oiran listou como empecilhos para o turismo também as péssimas condições de ruas e estradas, má qualidade do aeroporto, sistema de saúde precária, falta de comunicação nos locais mais afastados, entre outros motivos. “O turista é muito exigente hoje. Ele gasta muito e por isso exige estruturas adequadas. Nós consideramos as condições para o turismo aqui no estado lastimáveis”, afirma. Segundo ele, investir na infra-estrutura e na publicidade fora do Estado seriam as alternativas para aumentar o turismo interno.
“Turismo é um negócio, é business, e o governo tem que estar por dentro. O turista gasta a média de R$ 500,00 por dia. Para o comércio local isso seria interessantíssimo. A nova secretária de Estado de Turismo já percebeu isso, mas não se pode esperar pra fazer isso perto da Copa de 2014”, disse o presidente do Fórum.
Para fora - Em compensação, as empresas de turismo emissivo sentem as vendas de passagens aumentarem a cada ano. ”Nós percebemos que a procura em 2010 foi maior que em 2009, e foi assim também no ano anterior”, afirma a gerente de vendas da CVC Turismo, Adaiane Campos.
Em dezembro, o número de passagens de saída do aeroporto foi 109.803 contra 96.983 de entrada, segundo o funcionário do serviço de operações do Aeroporto Marechal Rondon, Agenor Gonçalo. A diferença é de 12.820, que significa 6,1% do total de entradas e saídas do aeroporto, devendo-se ainda contabilizar entre as entradas, os retornos de pessoas moradoras de Mato Grosso em férias fora do Estado.
Outros segmentos apontam mudanças - Apesar de grande parte dos entrevistados afirmarem que o turismo vai mal no estado, alguns segmentos comemoram um aumento nas vendas no período dezembro (pós-Natal) e janeiro. Normalmente, o movimento cai no início de janeiro também nas boates, mas tem recomeçado antes de fevereiro, de acordo com a gerente do Garage Club, Adriana Tozzetti. “Na primeira quinzena de janeiro as pessoas preferem viajar, principalmente o nosso público, que é jovem. Mas no dia 15 nós já fizemos a primeira festa e tivemos lotação máxima (mil pessoas)”.
Segundo o gerente do Choppão, José Pereira Martins (Zezão), o cenário está mudando na capital. O restaurante está entre os tradicionais procurados por turistas, inclusive do próprio Estado. Para Zezão, o movimento está melhor com relação a outras temporadas de início de ano. “Comparado a janeiro do ano passado nós estamos surpresos. A casa está cheia e está vindo também bastante gente de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro”. Zezão comentou que o mês de dezembro é insuperável, mas que janeiro costuma ser muito mais calmo do que está sendo este ano.
Outra opção de lazer na capital, e que vem denotando que as famílias de Cuiabá estão mesmo ficando mais na localidade nesta época do ano, é a colônia de férias do Sesc Arsenal. A programação do Brincarolar, voltada para crianças, foi muito procurada este ano, segundo Aroldo Limaverde, do departamento de divulgação do Sesc. “A procura foi maior que em 2010”, pontuou.
O gerente do hotel Sesc Pantanal, Marcos Kran, disse que a percepção é que o mês de janeiro, este ano, foi melhor que o ano passado. “Do dia 27 de dezembro até ontem, mais precisamente, que é o momento em que começa a encerrar o período de férias, nossa ocupação estava acima de 90%”, afirma. De acordo com Marcos, 70% dos hóspedes do hotel vêm de outros estados e 30% do interior do Estado. A grande maioria tem interesse somente no turismo.
No Shopping 3 Américas, o auditor de vendas e público do shopping, Guilherme Audax, percebeu que as pessoas estiveram mais presentes nos cinemas, além das lojas. “Durante e pós Natal nós tivemos um aumento de freqüência no shopping de cerca de 25% e este movimento continuou em janeiro, inclusive nos cinemas”. (Luana Soutos)
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