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Quarta, 21 de julho de 2010, 09h50
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Violência força comércio a trabalhar com portas fechadas

A falta de segurança revolta gregos e troianos. Os roubos e furtos se multiplicam, agora  um a cada 10 minutos - até o início do ano era um assalto a cada 15 minutos -, obrigando comerciantes, mesmo os donos de lojas de luxo, a trabalharem com as portas fechadas, mesmo que discretamente. Para complicar ainda mais a falta de segurança, um policial revela que as Polícias Civil e Militar não recuperam nada do que é roubado ou furtado, principalmente os veículos, que na realidade são abandonados pelos ladrões.

A VIOLÊNCIA - A morte do assaltante Ali Carlos Figueira, de 22 anos, trouxe à tona a falta de segurança, cada dia mais presente na vida da população de Mato Grosso. Assim como o bandido morreu, outras pessoas inocentes que estavam no local poderiam ter sido atingidas e mortas. Somente o seguimento do ramo de petróleo registrou mais de 100 assaltos na Grande Cuiabá este ano a postos de combustíveis. Fora os casos que não são oficializados, a Polícia ainda registra um roubo eum furto a cada 10 minutos. Por falta de segurança, existem comércios, inclusive de alto luxo que hoje atendem com as portas fechadas.

Mesmo sabendo que podem estar sendo filmados, os bandidos não estão nem aí para o que possa acontecer. Além do dinheiro que estão nos caixas dos postos, os bandidos agora também visam os clientes que estão nas lojas de conveniência, geralmente freqüentadas por pessoas de classe média alta.

Segundo dados do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo) no ano de 2009, 76% dos postos de combustíveis da Grande Cuiabá foram roubados ou furtados. Ainda segundo o mesmo Sindicato, 42 postos de 50 postos pesquisados, foram vítimas de assaltos à mão armada somente no primeiro semestre deste ano em Cuiabá e Várzea Grande.

Além dos constantes assaltos a postos de combustíveis, estatísticas da própria Polícia comprovam que os bandidos não dão trégua. Quase todos os dias, pelo menos quatro residências são invadidas por bandidos armados que causam terror,   deixam para trás um rastro de trauma, eles ainda roubam o que podem carregar nos carros das famílias.

Em Cuiabá, principalmente, vem acontecendo coisas absurdas. Antes, apenas os comerciantes da periferia adotaram a tática de atender sua freguesia através de uma portinha feita com grades de ferros previamente planejada.

 “Foi o único jeito de evitar mais assaltos, pois os ladrões já estavam se acostumando a vir buscar no final da tarde o que o que nós apurávamos durante o dia com muito trabalho. Agora vendemos menos, mas continuamos vendendo e sem o risco de um assalto ou até mesmo um tiro”, desabafou o senhor Geraldo, um pequeno comerciante de Cuiabá que adotou a venda por uma pequena grande desde o final dos anos 90.

Hoje, em pelo Século 21, as coisas mudaram para pior. Comerciantes da área central também resolveram adotar a mesma prática do senhor Geraldo. Além das janelinhas de grades de ferro, algumas lojas, inclusive de luxos localizadas em grandes avenidas como a Rubens de Mendonça adotaram o sistema de trabalhar com as portas fechadas.

Ao ver os clientes se aproximarem, as funcionárias das lojas se apressam para abri-las. Tudo na mais perfeita discrição, mesmo assim não escondem o medo de mais um assalto.

 “Fomos assaltados seis vezes em menos de quatro meses no ano passado e não tive outro jeito que não fosse trabalhar com as portas fechadas, mesmo que discretamente”, disse a gerente de uma das lojas.

“Não temos segurança. Aliás, pelo que eu tenho apurado nestas minhas andanças pela Polícia nos últimos anos em busca de segurança, o governo destruiu, principalmente a Polícia Civil. Tudo não passa de fachada. O governo está contratando este ano menos de 100 policiais civis. Acontece que no ano passado, mais de 200 foram aposentados ou morreram”, destaca uma comerciante que teve a loja assaltada mais de dez vezes nos últimos meses.

Revoltada com a falta de segurança, a mesma comerciante detonou: “Sem contar, que pelo que li, a Polícia Civil vai perder mais de 70% de seus policiais até o final do ano. E o que é pior, enquanto os bandidos estão de carros potentes, nossos policiais estão atrás deles de Gol mil. Isso é um absurdo. Mesmo assim as propagandas enganosas só falam que a segurança está as mil maravilhas”.

Os assaltos também são constantes a drogarias espalhadas pela área central e pela periferia de Cuiabá e Várzea Grande. Muitas delas já foram assaltadas mais de 15 vezes. Outras tiveram que fechar as portas por causa de tantos assaltos.

“A realidade é uma só. Enquanto a Polícia Militar que já não tem homens para trabalhar se mete em investigar, mesmo sem competência, esquecendo-se do policiamento ostensivo, a Polícia Civil praticamente cruza os braços por falta de policiais. São poucos, esse pouco trabalha praticamente com exclusividade em plantões e não investigam nada”, comenta um policial que pediu para não ser identificado.

O mesmo policial foi taxativo ao lembrar que a Polícia Civil de hoje não é nem a sombra da de ontem. O policial lembra que antigamente existiam investigações constantes em todas as áreas: homicídio, tentativa de homicídio, estelionato, estupro, atentado violento ao pudor, agressão, roubo e furto.

“Todos os dias. Exatamente todos os dias, a Polícia Civil e a Polícia Militar prendiam pelo menos cinco bandidos. Sem contar que todos os crimes eram investigados, e todos os dias as investigações rendiam prisões. Quem não se lembra que os pátios das delegacias, principalmente as de roubos e furtos, e roubos e furtos e veículos localizadas na Avenida Fernando Correa da Costa viviam abarrotados de objetos e veículos recuperados”, lamento o policial.

REVELAÇÃO BOMBÁSTICA -  Falando dos problemas das Polícias Civil e Militar, o policial faz uma revelação bombástica, segundo ele, para comprovar o que hoje muita gente não sabe, mas que alguns policiais vendem como se fosse verdade.

“As Polícias Civil ou Militar vivem propagando que apreendem mais de 60% dos veículos roubados e furtados em Cuiabá e Várzea Grande. Mentira. Digo e provo. Mais de 95% dos veículos apreendidos, na realidade são abandonados pelos bandidos, principalmente os carros roubados em residências. A população é quem, encontra os veículos e chama a Polícia, que só tem o trabalho de confeccionar o auto de apreensão”.

Fonte: 24 Horas News

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